Xi Propõe Reforçar Cooperação com Brasil em Infraestruturas, Agricultura e Energia

O Presidente da China, Xi Jinping, propôs ao homólogo do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o reforço da cooperação bilateral em infraestruturas, agricultura, energia e transição energética.

No terceiro encontro entre os dois líderes em dois anos, Xi recebeu o Presidente brasileiro na terça-feira com honras no Grande Salão do Povo, após o que os líderes se reuniram à porta fechada antes de assinarem novos acordos bilaterais.

Xi enfatizou que ambos os países devem alinhar as suas estratégias de desenvolvimento, promover a construção de uma comunidade China-Brasil, promover uma maior solidariedade e cooperação entre os países do Sul Global e reforçar a sua cooperação em infraestruturas, agricultura, energia e transição energética.

O Presidente chinês concordou com o seu homólogo brasileiro que a China e o Brasil defenderão conjuntamente o comércio livre e o sistema multilateral, e observou que devem opor-se conjuntamente ao unilateralismo, ao proteccionismo e aos actos de intimidação.

Os novos acordos de cooperação assinados centram-se em setores-chave como a economia digital, a inteligência artificial e a exploração espacial.

Lula afirmou que, tal como Xi Jinping, apoia “o comércio justo com base nas regras da Organização Mundial do Comércio”.

“Há anos que a ordem internacional precisa de reformas profundas. Nos últimos meses, o mundo tornou-se mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. A China e o Brasil estão determinados a unir-se contra o unilateralismo e o protecionismo”, disse Lula a um grupo de órgãos de comunicação social presentes no encontro.

Argumentou ainda que o relacionamento entre os dois países “nunca foi tão necessário” e que ambos devem avançar juntos face aos desafios globais.

Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, e o comércio tem crescido desde então, atingindo um recorde de USD 157,5 mil milhões em 2023, com um excedente a favor do Brasil de 51,1 mil milhões de dólares, de acordo com as estatísticas oficiais.

Para além do comércio, a cooperação bilateral abrange quase todos os sectores, de acordo com um amplo acordo de parceria estratégica em vigor desde 2012.

A nível global, para além de serem membros do G20, que realizou a sua cimeira anual em novembro de 2024 no Rio de Janeiro, o Brasil e a China, juntamente com a Rússia, a Índia e a África do Sul, são fundadores do fórum BRICS, ao qual se juntaram no ano passado o Irão, o Egito, os Emirados Árabes Unidos e a Etiópia.

O Brasil ocupará a presidência anual dos BRICS em 2025 e acolherá a próxima cimeira, pelo que se espera que Xi visite o país nos próximos meses, tendo já visitado o país em novembro passado.

Em Pequim, a Quarta Reunião Ministerial do fórum China-CELAC aprovou esta semana cem projetos para o período de 2025-2027, além de uma linha de crédito de 60 mil milhões de yuans (aproximadamente USD 8,33 mil milhões) anunciada por Xi Jinping.

E apesar de se tratar de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros, o encontro contou com a presença do próprio Xi e dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; Chile, Gabriel Boric, e Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Xi declarou o seu “apoio” aos países da CELAC para “rejeitar a interferência externa”, “defender a sua soberania” e “seguir um caminho de desenvolvimento alinhado com as suas condições nacionais”.

Segundo o líder chinês, o seu país e os da América Latina e Caraíbas são “membros importantes do Sul Global” e devem “manter-se unidos face às crescentes tensões geopolíticas, aos confrontos entre blocos” e às “crescentes correntes de unilateralismo e protecionismo”.

“É essencial que a colaboração entre a CELAC e a China contribua para fortalecer a indústria e a inovação na região”, disse Lula no encontro.

A China consolidou-se como o segundo maior investidor não regional na América Latina, atrás dos Estados Unidos, e é o principal parceiro comercial de vários países da região, incluindo o Brasil, o Chile e o Peru.

Em 2015, a China estabeleceu o objetivo de atingir um comércio bilateral anual de USD 500 mil milhões e um investimento acumulado de USD 250 mil milhões na América Latina e nas Caraíbas em dez anos.

 

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