As universidades Tsinghua, Renmin e Universidade Agrícola da China, e as academias chinesas de Ciências da Agricultura e de Ciências Sociais estabeleceram relações com um conjunto de ONG científicas brasileiras.
A missão “Ampliando a cooperação Brasil-China na promoção do desenvolvimento sustentável” foi promovida em Pequim, de 16 a 20 de junho, pelo IPAM (Instituto de Investigação Ambiental da Amazónia) e pela organização filantrópica iCS (Instituto Clima e Sociedade). Participaram o Imazon, a Plataforma CIPÓ, o Instituto Centro de Vida e o Instituto O Mundo Que Queremos.
Alice Thuault, diretora executiva do ICV, afirmou que “o que ficou estabelecido nesta viagem é que os diferentes segmentos da sociedade chinesa, sejam governo, academia ou indústria, têm muito interesse em dados sobre a relação da produção agropecuária com as florestas e com a disponibilidade de água”.
“Querem dados porque entendem a relação da sustentabilidade da produção agropecuária com as alterações climáticas, mas também, e sobretudo, se preocupam muito quanto à segurança alimentar”, acrescentou, segundo nota do IPAM.
Concluída a agenda conjunta das ONG brasileiras na China, os próximos passos envolvem reuniões para o arranjo de detalhes sobre os projetos de investigação a desenvolver, e o IPAM continua até dia 30 em programação na capital chinesa, em Xangai e Hangzhou.
Entre os organismos governamentais visitados pela missão estão representantes do Ministério da Ecologia e Ambiente chinês, do Centro de Cooperação Internacional da China, da Comissão de Reforma e Desenvolvimento Nacional, e da Coligação Verde da Iniciativa Faixa e Rota.
“Já temos um exemplo concreto de como uma decisão chinesa de exigência de qualidade induziu os agricultores a melhorar a produção, com o boi China. Se acrescentarem critérios na área ambiental, há potencial para essa influência ser ampliada positivamente. Há um interesse muito grande na cooperação em várias áreas, sobretudo nas universidades, no que diz respeito também à inteligência artificial – algo que pode beneficiar vários setores no Brasil”, afirmou Paulo Barreto, investigador associado do Imazon.
André Guimarães, diretor executivo do IPAM e enviado especial da Presidência da COP30 para a sociedade civil, defendeu que “o Brasil e a China são grandes parceiros comerciais e partilham uma visão de cooperação Sul-Sul. O que viemos fazer aqui é partilhar informação científica para aproximar ainda mais esta relação”, adiantou.
A iniciativa acontece num ano emblemático para a relação dos dois países, com a presidência do Brasil nos BRICS e a COP30 em Belém.
Olivia Zerbini, analista de Investigação do IPAM e uma das articuladoras da missão, recordou que “os dois países completaram 50 anos de relações diplomáticas em 2024, celebrados com a assinatura de acordos bilaterais e aprofundamento de espaços de cooperação como a COSBAN [Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação]”.
Thais Ferraz, diretora programática do iCS, afirmou que “os encontros na China permitiram uma troca de experiências entre os dois países, com possibilidades de futuras ações conjuntas, como cooperações técnicas e projetos de investigação, em diversas áreas”.
Um dos primeiros compromissos da missão na China foi um workshop que contou com a presença de mais de 25 organizações chinesas, universidades e institutos de investigação.
Além dos compromissos na cidade de Pequim, as organizações visitaram uma quinta de vegetais biológicos num distrito piloto da capital chinesa para agricultura biológica, onde puderam conhecer a produção que serve diretamente restaurantes e supermercados com um volume anual de 3 mil toneladas de alimentos.
Para Alexandre Mansur, diretor de projetos em O Mundo que Queremos, “estamos a abrir portas a parcerias com várias organizações não governamentais nativas da China e órgãos governamentais. Encontrámos um alinhamento surpreendente de visão da natureza como infraestrutura que garante a produção de alimentos para ambos os países. Estamos a construir bases para investigação conjunta e outros trabalhos em sinergia para a segurança alimentar do Brasil e da China”.