O governo brasileiro aponta novos projectos como o radiotelescópio Bingo e o satélite CBERS-6 como garantia de cooperação científica a longo prazo entre China e Brasil.
O secretário brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec), Daniel Almeida Filho, afirmou no 18º Fórum de Inovação de Pujiang, em Xangai, que o Bingo e o CBERS são “dois bons exemplos de relacionamento a longo prazo entre o Brasil e a China”.
O Bingo, um radiotelescópio que está em construção e a ser instalado na Paraíba, será utilizado para detetar ondas de hidrogénio cósmico para estudos sobre a energia escura e a expansão do universo.
No mesmo evento, o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação da Paraíba, Claudio Furtado, complementou: “São 200 cientistas do Brasil e da China envolvidos neste projeto muito importante para a ciência do mundo”.
O programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS) terá a sua sexta missão, o CBERS-6, focada na monitorização ambiental com uma capacidade de observação inédita mesmo sob nuvens, alargando a utilização em áreas como a agricultura e a desflorestação.
Segundo comunicado do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação (MCTI) brasileiro, a participação no Fórum de Inovação e Conferência de Transferência de Tecnologia de Pujiang “deu continuidade à força da cooperação científica entre a China e o Brasil e preparou um espaço para colaborações ainda mais contundentes”.
Esta foi a terceira participação brasileira consecutiva no evento, que une decisores de políticas públicas, cientistas premiados, líderes industriais e jovens investigadores.
“A permanência nacional na iniciativa marca uma forte posição de colaboração com o país asiático”, adiantou o governo de Brasília.
Almeida reuniu-se na China com o vice-ministro chinês da Ciência e Tecnologia Chen Jianchang.
O secretário brasileiro foi convidado para ser orador principal do InnoMatch 2025, uma atividade paralela do fórum que juntou startups e investidores em busca de novas parcerias.
Na abertura, Almeida afirmou que a China e o Brasil têm uma parceria notável, que conta, inclusive, com empresas brasileiras a investir em terras chinesas.
“Agora, seria o momento de atrair startups chinesas ao Brasil e também startups brasileiras à China. Desta forma, seriam estabelecidos parques científicos e tecnológicos de grande escala”, referiu o governo.
A edição do seminário deste ano reuniu 550 especialistas e académicos de mais de 300 instituições, abrangendo 45 países e regiões, segundo a organização no fórum.
O Brasil participou com uma estrutura no pavilhão no local para dar destaque às conquistas científicas e à produção frutos de colaboração com a China.
O MCTI levou a Xangai o MCTI Day, que decorreu no Brazil Center e o pavilhão brasileiro contou com diversas exposições, como projetos de luz síncroton.
Em junho deste ano, o Centro Nacional de Investigação em Energia e Materiais (CNPEM) deu início ao Laboratório Conjunto China-Brasil de Ciência e Tecnologia Síncrotron (CBJSync, sigla em inglês): cientistas chineses trabalham agora presencialmente no campus do CNPEM, em Campinas (SP), e cientistas brasileiros vão ao campus do IHEP, em Pequim.
O centro nacional é uma organização social ligada ao MCTI, que coopera com o Institute of High Energy Physics (IHEP), da Academia Chinesa de Ciências (CAS).