O presidente brasileiro partiu hoje para Indonésia e Malásia, onde participará na cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) que irá admitir Timor-Leste como membro.
Luiz Inácio Lula da Silva também participará de reuniões bilaterais com os países anfitriões e outros chefes de Estado visitantes, incluindo um possível encontro com o Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, que ainda não está confirmado.
Entre os principais objetivos da viagem, segundo o governo brasileiro, está uma aproximação política com os países da região e a possibilidade de expansão do comércio bilateral.
“É a primeira vez que um presidente brasileiro participa, como convidado, de uma cúpula da Asean. É uma oportunidade de encontro e reunião com diversos líderes mundiais, já que todos os grandes países têm algum tipo relação com a Asean e participam da cúpula”, destacou o embaixador Everton Frask Lucero, diretor do Departamento de Índia, Sul e Sudeste da Ásia do Palácio Itamaraty, citado pela Agência Brasil.
Entre os encontros já confirmados, está o de Lula com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, previsto para domingo em Kuala Lumpur, na Malásia.
Fundada em 1967 pela Indonésia, Malásia, pelas Filipinas, por Singapura e Tailândia, a Asean é uma organização regional que promove a cooperação económica, política, de segurança e sociocultural entre os seus membros.
Além dos países fundadores, o bloco é composto também por Brunei, Laos, Myanmar, pelo Vietnam, Camboja e, durante esta próxima cúpula, receberá formalmente a adesão de Timor Leste, que se tornará o 11º membro.
“Do ponto de vista económico, os 11 países, considerando Timor Leste, que agora entra para a associação, eles somam mais de 680 milhões de habitantes com PIB [Produto Interno Bruto] agregado de cerca de USD 4 triliões. Considerados em conjunto, então, eles formariam o terceiro maior país em termos populacionais e a quarta maior economia do mundo”, apontou Lucero.
O embaixador salientou ainda que o comércio do Brasil com os países da Asean ultrapassou os USD 37 mil milhões no ano passado e continua a crescer. Se fosse um único país, a Asean seria o quinto principal parceiro comercial do Brasil, atrás da China, União Europeia, dos Estados Unidos e da Argentina.
Em plena conjuntura de imposição de tarifas unilaterais no comércio internacional, a Asean pode ampliar ainda mais as possiblidades de escoamento de produtos brasileiros exportados, já que os países do bloco responderam, no ano passado, por mais de 20% do superávit de comércio exterior global do Brasil, com um saldo favorável à balança nacional na ordem de USD 15,5 mil milhões, segundo informou o Itamaraty.
A primeira paragem de Lula será Jacarta, capital da Indonésia, a maior economia da região, onde o presidente será recebido numa visita de Estado para reafirmar a relação estratégica bilateral. É também uma retribuição da recente visita do presidente indonésio, Prabowo Subianto, em julho deste ano, logo após a 17ª Cimeira dos Brics, realizada no Rio de Janeiro.
Lula e Subianto reúnem-se na quarta-feira bilateralmente e depois com ministros de ambos os lados, para assinatura de atos oficiais, que deverão incluir pelo menos um memorando de entendimento na área das energias renováveis, segundo informações do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“A Indonésia é um parceiro estratégico do Brasil desde 2008, é a terceira maior democracia do mundo, a quarta nação mais populosa e a principal economia da Asean. Os contactos de alto nível entre o Brasil e a Indonésia têm-se intensificado nos últimos anos.
Entre as áreas de interesse prioritário do Brasil e da Indonésia estão o comércio agrícola, a segurança alimentar, a bioenergia, o desenvolvimento sustentável e a defesa.
Um fórum empresarial com representantes dos dois países contará com cerca de 100 empresários brasileiros.
Na Malásia, o programa de Lula começa sábado com a visita oficial ao país e reunião com o primeiro-ministro malaio Anwar Ibrahim. Os dois líderes têm vindo a desenvolver uma aproximação política nos últimos anos.
“O que é interessante notar é que já somos um parceiro comercial da Malásia de longa data, tradicional, mas nunca tínhamos chegado ao ponto de elevar esta parceria para um nível que fosse, digamos, mais político, mais visível politicamente. Portanto, a viagem à Malásia é agora uma afirmação de que estamos a alargar a nossa presença, estamos com uma voz ativa e interesses concretos num país que é central na dinâmica de crescimento da região do Sudeste Asiático, uma das mais dinâmicas economicamente deste século”, argumentou o embaixador Everton Frask Lucero.
O Brasil e a Malásia deverão assinar memorandos relacionados com a produção de semicondutores, segmento em que o país asiático é uma potência, e também noutras matérias de ciência, tecnologia e energias renováveis.
No domingo, Lula participa na sessão de abertura da 47ª Cimeira da Asean, e mais tarde em dois eventos com empresários brasileiros e malaios e outro com o fórum de empresários da Asean.
Na segunda-feira, Lula participa na 20ª Cimeira do Leste Asiático, a EAS (na sigla em inglês), também em Kuala Lumpur, onde fará um discurso aos restantes dirigentes presentes.
A EAS é um fórum que reúne 18 países da Ásia e da Oceânia, incluindo os membros da própria Asean, além da Rússia, dos EUA, da Coreia do Sul, Austrália, Índia, China, do Japão e da Nova Zelândia.