O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, apelou ao investimento chinês no seu país, enquanto o homólogo Li Qiang apontou que o 20º aniversário da parceria estratégica abrangente China-Portugal traz oportunidades para o crescimento das relações, elogiadas pelo Presidente Xi Jinping.
No início da sua visita oficial à China, Montenegro afirmou na terça-feira que quer trazer a mensagem de que Portugal “é um país confiável e confiante” para investimentos económicos.
Luís Montenegro falou aos jornalistas, antes de uma visita à Cidade Proibida, em Pequim, no primeiro dia da sua deslocação oficial à China, dominada por encontros institucionais e uma passagem pela Região Administrativa de Macau.
Questionado se conseguirá fazer chegar a mensagem aos potenciais investidores chineses apesar de o programa não incluir um seminário económico – como aconteceu nas anteriores visitas do então primeiro-ministro António Costa, em 2016, ou do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 2019 -, Montenegro rejeitou esta perspetiva.
“Eu creio que a afirmação de que este programa é bastante curto só se pode estar a referir à dimensão temporal, porque do ponto de vista do conteúdo, este programa é vastíssimo”, contrapôs.
Segundo o primeiro-ministro, o programa “congrega a oportunidade que o primeiro-ministro português tem de conversar e interagir diretamente com o presidente da Assembleia Nacional da República Popular da China, com o Presidente da República, com o primeiro-ministro”.
“Ao mesmo tempo que o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, o ministro da Economia e a ministra do Ambiente e Energia interagem bilateralmente com os seus congéneres e também com empresários e empresas chinesas que operam em Portugal e com empresas portuguesas que operam na China”, acrescentou.
Na sua declaração inicial aos jornalistas, Montenegro salientou que, hoje, Portugal já “usufrui de vários investimentos que têm origem na China e que têm sido alavancas para a transformação e desenvolvimento económico de Portugal”.
“É a nossa pretensão contribuir com esta nossa vinda cá para podermos também abrir portas a que mais empresas portuguesas possam encontrar no mercado chinês o destino dos seus produtos e, por via disso, também aumentar a nossa quota de exportação para esta geografia”, afirmou.
Tal como tem dito várias vezes, o primeiro-ministro repetiu em Pequim que Portugal “é um país que se apresenta com uma estabilidade económica, financeira e um desempenho económico que está acima da média da União Europeia”.
“É um destino seguro para receber investimentos e é também uma porta que se projeta no mundo com excelência, com capacidade de inovação, com capacidade de poder conquistar mercados relevantes como é o mercado chinês”, disse.
Ao final do dia, o primeiro-ministro parte para a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), onde terá agenda na quarta-feira de manhã, antes de seguir para o Japão.
O último ponto do programa de Montenegro em Pequim foi uma reunião de trabalho com o seu homólogo da China, Li Qiang, antecedido de honras militares no Grande Palácio do Povo, participando depois num banquete oferecido pelo Governo chinês.
Segundo a Xinhua, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, afirmou que este ano se assinala o 20º aniversário do estabelecimento da parceria estratégica abrangente China-Portugal, que apresenta novas oportunidades para o crescimento das relações e da cooperação bilaterais.
A China está disposta a trabalhar com Portugal para melhorar os intercâmbios de alto nível, reforçar a confiança política mútua, aprofundar e solidificar a cooperação em diversas áreas e trazer mais benefícios aos povos de ambos os países, observou.
Li afirmou que a China está pronta para reforçar o seu alinhamento de estratégias de desenvolvimento com Portugal, continuar os esforços conjuntos no desenvolvimento de alta qualidade da iniciativa Faixa e Rota, explorar o potencial de áreas emergentes, como a economia digital e a economia verde, criar mais motores de crescimento para a cooperação e apoiar empresas de ambos os países na exploração conjunta de mercados de terceiros.
Deu nota que a China está pronta para importar mais produtos agrícolas e alimentares de alta qualidade de Portugal e incentiva mais empresas chinesas a investir em Portugal.
Expressou ainda a esperança de que Portugal promova um ambiente de negócios favorável.
O primeiro-ministro chinês apelou a ambas as partes para que facilitem ainda mais o intercâmbio de pessoal, libertem a vitalidade das atividades económicas impulsionadas pelo turismo e intensifiquem o intercâmbio e a cooperação em áreas culturais, como o ensino superior, o ensino de línguas, a educação digital e o envolvimento dos jovens.
Li afirmou que, atualmente, os atos unilateralistas e protecionistas estão a impactar gravemente a ordem internacional. Como duas grandes forças globais, a China e a União Europeia (UE) devem reforçar a coordenação e trabalhar em conjunto para enfrentar estes desafios, acrescentou.
Exprimiu a esperança da China de que Portugal incentive e oriente a UE a aderir ao seu posicionamento de parceiro da China, a adotar uma política positiva e pragmática em relação à China e a trabalhar com a China para salvaguardar o comércio livre e proteger os interesses comuns de ambas as partes.
Montenegro afirmou que o governo português está disposto a aproveitar o 20.º aniversário do estabelecimento da parceria estratégica abrangente entre os dois países como uma oportunidade para reforçar o diálogo e o intercâmbio a todos os níveis, aprofundar a cooperação em áreas como o comércio, a agricultura, os assuntos marítimos, a cultura e o desporto, e criar novos destaques na inovação científica e tecnológica, na economia digital, na energia verde e na cooperação em turismo.
Acrescentou que Portugal está disposto a reforçar a comunicação e a coordenação com a China em plataformas multilaterais como as Nações Unidas, a trabalhar com a China para se opor ao proteccionismo e a defender o comércio livre aberto e justo.
No início do encontro com Xi Jinping, no Grande Palácio do Povo, Luís Montenegro considerou que, nos últimos anos, os dois países reforçaram laços “em vários setores da economia, da energia à banca, da saúde ao abastecimento de água”.
“A nossa convicção é que podemos continuar a trilhar esse caminho na base da confiança”, disse o primeiro-ministro.
Na breve declaração, o Presidente chinês afirmou que “Portugal é bom amigo da China” e considerou que ambos os países resolveram “de forma adequada a questão de Macau através de negociações amistosas”.
“Portugal também foi o primeiro país da Europa Ocidental a assinar com a China atos de cooperação no âmbito da iniciativa Faixa e Rota, e o primeiro país da Zona Euro que emitiu títulos” na moeda chinesa, disse.
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