Portugal Procura Investimento de Fundos Soberanos de Singapura

O Governo português está a fazer uma abordagem aos fundos soberanos de Singapura, que estão atentos às oportunidades de investimento em Portugal e veem a energia e a produção de ‘chips’ como dois setores potenciais para apostar.

O ministro da Economia, em declarações ao Negócios, explicou que na visita de três dias que realizou a Singapura – terminada na sexta-feira – teve encontros com os fundos soberanos GIC, que já detém 4% do capital da EDP Renováveis, e Temazek, dono da PSA que em Portugal opera o Terminal de Contentores de Sines.

“Foi uma viagem idêntica à realizada recentemente ao Qatar, na ótica de captar investimento e sinalizar as empresas portuguesas que estão a dar passos importantes na internacionalização”, explicou Pedro Reis.

Segundo o governante, os dois fundos soberanos “mostraram interesse em quatro áreas”, sendo que uma delas está relacionada com a produção de componentes eletrónicos no país.

“Já houve empresas em Portugal com experiência na área dos semicondutores e estes investidores conhecem essa experiência”, adiantou o ministro, frisando que do ponto de vista de Singapura “há interesse em desmultiplicar a produção”, que está muito concentrada naquela ilha e em Taiwan, “considerando que Portugal pode ser uma boa base para fabrico”.
No passado, Portugal teve instalada em Portugal uma fábrica da Texas Instruments, que acabou por encerrar, além da Qimonda Portugal que acabou por falir. A gigante americana Amkor Technology acabou por adquirir a Qimonda de Vila do Conde, faturando cerca 55 milhões e empregando 800 pessoas.

Segundo Pedro Reis, os fundos quiseram ainda entender como Portugal está “a preparar-se para fazer a exploração das eólicas offshore”. No âmbito da energia, o governante fez uma visita ao parque solar desenvolvido pela EDP Renováveis em Singapura.

Outra das áreas de interesse foi a da saúde e biotecnologia, bem como o levantamento das startups tecnológicas na área do espaço – desenvolvimento de satélites e sistemas de geolocalização -, “que já deram nas vistas” dos investidores em Singapura.

De acordo com Pedro Reis, ficou fechado o compromisso de a AICEP organizar, no início de 2025, um “roadshow” em Portugal com estes dois fundos, para conhecimento das empresas que possam posicionar-se para receber investimento na área das renováveis, saúde e semicondutores.

Pedro Reis explicou ainda que o fundo Temazek garantiu “continuar a investir em Sines, reforçando a capacidade” do terminal de contentores, que atualmente movimenta 1,7 milhões de contentores por ano. O objetivo é poder chegar aos 3 milhões, ainda que os responsáveis do fundo soberano dono da PSA não tenham definido um calendário.

Uma das áreas em que a visita do ministro terá surtido efeitos imediatos é a agrícola, já que durante a estadia de Pedro Reis em Singapura as autoridades locais autorizaram Portugal a exportar carne suína para a região, num processo que se arrastava desde 2020. A Sicasal e o Grupo Primor são duas das empresas que passam a poder vender para aquele mercado.

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