Parceria Brasil-China Para Novo Satélite CBERS-6 Traz “Salto Tecnológico”

O novo satélite CBERS-6, resultado da parceria entre o Brasil e a China, terá um “salto tecnológico” que possibilita a monitorização da região independentemente das condições climatéricas ou da iluminação.

Segundo o responsável do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), António Pereira, o CBERS-6 “representa um salto tecnológico significativo” em relação a modelos anteriores, trazendo como principal inovação a adoção de um Radar de Abertura Sintética (SAR), tecnologia chinesa que funciona através da emissão de impulsos de micro-ondas que interagem com a superfície terrestre e regressam ao satélite com informação detalhada sobre a textura, humidade, relevo e estrutura dos alvos.

“O radar permite a operação do satélite de dia e de noite, com boa penetração nas nuvens, brumas, fumo e em condições de chuvas. Isto garante uma monitorização contínua e fiável, independentemente das condições meteorológicas ou de iluminação”, explicou o responsável do INPE, uma unidade de investigação ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Entre os principais objetivos do novo satélite, o principal é a complementação à monitorização dos modelos anteriores do território brasileiro, especialmente dos biomas.

“Com a sua elevada resolução espacial e frequência de revisita, o satélite permitirá detetar alterações na vegetação, identificar áreas de desflorestação, expansão agrícola, degradação dos solos e incêndios ilegais, apoiando políticas públicas de conservação, planeamento e fiscalização ambiental”, apontou o representante do INPE.

O Programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS) é uma parceria inédita entre o Brasil e a China no setor técnico-científico espacial. Inicialmente, o acordo previa apenas dois satélites de deteção remota, o CBERS-1 e o CBERS-2.

No passado dia 10 de junho, foi publicado o documento que promulga o Protocolo Complementar sobre o Desenvolvimento Conjunto do Satélite de Recursos Terrestres China-Brasil (em inglês, China-Brazil Earth Resources Satellite – CBERS).

A declaração já tinha sido aprovada anteriormente, em dezembro de 2024, e estabelece os termos para o desenvolvimento e lançamento do satélite.

Com a previsão de lançamento para 2028, o CBERS vai utilizar a Plataforma MultiMissão (PMM), desenvolvida pelo Brasil.

O desenvolvimento do satélite está a cargo do INPE e da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST).

De acordo com António Pereira, o CBERS-6 irá orbitar a Terra numa trajetória polar e sincronizada com o Sol, realizando aproximadamente 14 órbitas por dia.

“Destas, cerca de quatro passagens ocorrem sobre o território brasileiro, permitindo a recolha de dados em várias regiões”, explicou o responsável.

Em conjunto com satélites óticos, ainda de acordo com Pereira, o CBERS-6 irá ampliar a capacidade de observação contínua dos biomas brasileiros, reforçando o papel do Brasil na utilização estratégica da tecnologia espacial para a sustentabilidade.

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