Uma nova rota marítima vai encurtar em duas semanas o percurso entre o Porto de Santana, no estado brasileiro de Amapá, e a região da Grande Baía de Guangdong, na China.
A ligação direta, ainda em fase experimental, deverá abrir espaço para aumentar as exportações brasileiras e consolidar Santana como um ponto estratégico no comércio com o mercado asiático.
A iniciativa foi o tema da reunião realizada na semana passada em Cantão entre o ministro brasileiro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e o vice-governador de Cantão, Zhang Hu.
Durante o encontro na cidade chinesa, o ministro destacou que a nova ligação abre espaço para diversificar as exportações brasileiras.
“Devemos utilizar todas as possibilidades de cooperação no comércio para alargar esta lista, indo além da soja, do café e da carne, com produtos que também despertam o interesse dos chineses, como o açaí, o cacau, o mel, o chá, o champanhe, o vinho e o café”, afirmou.
O acordo surge no contexto do compromisso assumido em 2024 pelos Presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping.
Atualmente, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) desenvolve com a China importantes iniciativas no domínio das infraestruturas, logística e integração regional.
Em novembro de 2024, as duas nações assinaram um acordo para iniciar estudos conjuntos sobre o corredor ferroviário que ligará os oceanos Atlântico e Pacífico, integrando as ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol), Centro-Oeste (Fico) e Norte-Sul (FNS) ao recém-inaugurado Porto de Chancay, no Peru.
O projeto, denominado Rotas de Integração, é um dos quatro eixos estratégicos definidos entre os Presidentes Lula e Xi Jinping em novembro de 2024, juntamente com o Novo PAC, a Nova Indústria Brasil e o Plano de Transformação Ecológica.
Guangdong é a província que lidera o Produto Interno Bruto chinês e concentra algumas das maiores empresas com presença no Brasil, em setores como o automóvel, industrial e das tecnologias de informação.
Para Góes, a experiência da Grande Baía Guangdong–Hong Kong–Macau pode servir de modelo em áreas como a bioindústria, as infraestruturas sustentáveis e a inovação.
O vice-governador Zhang Hu reforçou o interesse em alargar a integração logística com o Brasil.
“Esta rota ainda está em fase experimental, mas Guangdong está disposta a reforçar a ligação portuária e marítima do lado do Brasil”, declarou.
Além da rota, o Brasil e a China lançaram a Plataforma Integrada de Serviços Económicos e Comerciais Sino-Latino-Americana, desenvolvida pela empresa chinesa Zhuhai Sino-Lac em parceria com a Companhia Docas de Santana.
A proposta é simplificar os processos comerciais, reduzir as barreiras e estimular a cooperação na logística estratégica.
Para o ministro brasileiro, o momento é propício para aprofundar a parceria. “O Brasil e a China estão a viver, depois de décadas, um dos melhores momentos de cooperação. São mais de meia centena de instrumentos de cooperação, nas mais diferentes áreas, construídos pelo Presidente Lula e pelo Presidente Xi Jinping”, apontou.