Os índices accionistas brasileiros vão passar a estar cotados nas bolsas chinesas, aprofundando a interligação entre os dois mercados de capitais, segundo as autoridades brasileiras.
A B3 – Brasil, Bolsa, Balcão iniciou, no dia 26 de maio a sua participação no Programa Conexão de Fundos de Índice Brasil-China (Brazil-China ETF Connect), que estabelece um mecanismo para a listagem recíproca de fundos de índice (Exchange-Traded Funds – ETF) com as bolsas chinesas de Xangai e Shenzhen.
Segundo comunicado do Ministério das Finanças e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileiros, a partir de agora o país sul-americano passa a integrar o grupo de 18 países que mantêm este tipo de mecanismo com a China, sendo o primeiro fora do continente asiático a aderir à iniciativa.
“O passo seguinte é a listagem dos índices brasileiros nas bolsas chinesas”, referem as entidades brasileiras.
O mecanismo é parte de um conjunto de iniciativas apoiadas pelo governo brasileiro, por intermédio da Secretaria de Assuntos Internacionais (Sain) do Ministério da Fazenda, para incentivar avanços na integração dos mercados de capitais entre o Brasil e a China.
Além disso, no contexto da Subcomissão Económico-Financeira da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), a Sain atua noutras frentes, como o financiamento em moeda local para facilitar o comércio e os investimentos bilaterais, a cooperação na área dos seguros, as finanças sustentáveis e a mobilização de capital orientado para a transformação ecológica no Brasil.
“A ligação entre os mercados de capitais representa uma oportunidade concreta para aprofundar a nossa relação económica com a China, com base numa matriz financeira mais sofisticada e no melhor entendimento mútuo das duas economias. Isto permitirá reduzir os custos transacionais, diversificar o universo de produtos e investidores, e renovar o perfil dos agentes económicos que operam na relação bilateral”, destacou a secretária para os Assuntos Internacionais do Ministério das Finanças, embaixadora Tatiana Rosito.
O lançamento do ETF Connect resulta diretamente das discussões entre a CVM e a Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC), no âmbito da 10ª Subcomissão Económico-Financeira da Cosban, realizada no dia 18 de março de 2024, copresidida pela embaixadora Tatiana Rosito e pelo Vice-Ministro das Finanças da China, Liao Min.
As negociações foram consolidadas com a assinatura, em 6 de junho de 2024, do Primeiro Aditamento ao Memorando de Entendimento entre a CVM e a CSRC para a Cooperação Regulatória em Valores Mobiliários, durante a VII Sessão Plenária da Cosban.
O aditamento foi assinado pela administradora da CVM, Marina Copola, e representou um passo essencial para permitir que as bolsas de ambos os países avançassem na formalização de instrumentos bilaterais.
“O ETF Connect é o resultado de um diálogo técnico profundo e colaborativo com os nossos parceiros chineses. Esta iniciativa abre um novo canal de cooperação entre mercados, com potencial para gerar liquidez, diversificação e novas oportunidades para os investidores brasileiros e chineses”, afirmou a diretora da CVM, Marina Copola.
O ETF Connect foi incluído no conjunto de iniciativas prioritárias do Eixo de Cooperação Financeira, no âmbito do Plano de Ação Brasil-China, assinado em novembro de 2024, por ocasião da visita de Estado do Presidente Xi Jinping ao Brasil.
O anúncio integrou ainda o elenco dos atos oficiais durante a visita de Estado do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em maio corrente.
De seguida, os gestores de ativos iniciaram os procedimentos necessários para viabilizar a listagem recíproca dos ETF, com o lançamento inicial dos fundos da Bradesco Asset referenciados nos índices chineses CSI 300 e ChiNext.
Os primeiros ETFs (fundos de índices) que permitem aos brasileiros investir em ações de empresas cotadas em bolsas chinesas foram lançados na semana passada na B3, a bolsa do Brasil.
Uma parceria entre a B3 e a Bradesco Asset viabilizou a entrada em bolsa dos ETFs B-Index Connect China Universal CSI 300 (PKIN11) e B-Index Connect China AMC ChiNext (TECX11), os primeiros a permitir o acesso aos fundos de índices CSI 300 e ChiNext.
Os dois novos ativos começaram a ser negociados no mercado na segunda-feira, 26 de maio.
O CSI 300 é um índice bolsista composto pelas maiores e mais representativas empresas do país asiático, como a fabricante de veículos elétricos BYD.
Já o ChiNext é um índice composto por empresas de média e pequena dimensão com foco nos setores da tecnologia, indústria e serviços.