As importações chinesas geraram 5,2 milhões de empregos no Brasil, mais do dobro do número ligado às exportações para a China, segundo um novo estudo do Conselho Empresarial China-Brasil.
O relatório, produzido em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Externo e Serviços do país, mostra como o comércio bilateral cresceu quase cinco vezes nas últimas duas décadas e molda agora não só os fluxos comerciais, mas também o emprego, os salários e os padrões sociais em todo o país.
O relatório constatou que, embora os cargos relacionados com a exportação pagassem salários mais elevados, o impacto das importações atingiu as empresas e as comunidades brasileiras de forma muito mais profunda.
Números de 2024 indicam que a China foi responsável por 28% das exportações brasileiras e 24% das importações. Na última década, o comércio com Pequim gerou um excedente de USD 276 mil milhões para o Brasil, o equivalente a 51% do seu excedente comercial global no mesmo período.
Em comparação, o comércio com os Estados Unidos e a União Europeia deixou o Brasil com um défice combinado de USD 224 mil milhões.
O estudo mostra que soja, minério de ferro e petróleo constituíram 80% das vendas brasileiras para a China em 2024 e que menos de 3.000 empresas eram responsáveis por estas exportações.
Mais de 40 mil empresas brasileiras compraram produtos à China no ano passado, quase 15 vezes o número importado de outros países sul-americanos.
As importações variaram de eletrónica e máquinas a fertilizantes e produtos químicos industriais, e muitas indústrias brasileiras, incluindo o agronegócio, dependiam fortemente destes fornecimentos.
O relatório ilustrou também como a base de exportação do Brasil para a China se manteve estreita em comparação com outros mercados.
As menos de 3.000 empresas brasileiras que exportam para a China no ano passado comparam-se com as quase 10.000 que venderam para os Estados Unidos e mais de 11.000 para o bloco do Mercosul.
Além disso, a maioria das empresas que lidam com a China eram grandes corporações, embora os exportadores mais pequenos tenham expandido a sua presença mais rapidamente nos últimos anos.
Um padrão semelhante observou-se nas vendas, com a lista de produtos a aumentar de 673 categorias em 1997 para 2.589 no ano passado, demonstrando uma diversificação gradual.
A carne, a pasta de papel e o café ganharam terreno, juntamente com uma pequena, mas crescente, quota de produtos manufaturados.
As compras do Brasil à China abrangeram uma gama muito mais vasta de produtos.
O relatório contabilizou 6.914 categorias de importação em 2024, quase todas manufaturadas. Os produtos eletrónicos, veículos, têxteis, produtos farmacêuticos e bens industriais preencheram os registos alfandegários, com poucos itens individuais a dominar a lista.
O cenário de emprego refletiu esse desequilíbrio. Os cargos ligados à importação no Brasil cresceram 55% entre 2008 e 2022, enquanto os cargos ligados à exportação aumentaram 62% no mesmo período, mas a partir de uma base mais reduzida.
Os salários mantiveram-se mais elevados nos cargos ligados à exportação, com uma média de 4.917 reais (USD 909) por mês, em comparação com 4.430 reais nos cargos associados à importação.
Os fluxos comerciais confirmaram a profundidade da ligação. Em 2024, a China comprou 73% da soja brasileira, 67% do minério de ferro e 44% do petróleo bruto.
Comprou também cerca de metade das exportações brasileiras de carne de bovino e algodão. Do lado das importações, as compras do Brasil à China têm crescido a um ritmo médio anual de 21% desde 2000.