Os empresários chineses em São Vicente pretendem manter-se na ilha cabo-verdiana, apesar de terem registado avultados danos nas suas lojas devido à tempestade Erin a 11 de agosto, mas apelam a ajuda das autoridades do país e internacionais.
Em declarações à Inforpress, o presidente da Associação dos Empresários Chineses em Cabo Verde, Paulo Pan, explicou que das cerca de 80 lojas existentes na ilha, foram entre 15 a 16 os estabelecimentos mais prejudicados, especialmente os situados na cidade do Mindelo.
“Houve algumas que tiveram invasão de enxurradas no interior com cerca de um metro e meio e com perda total dos equipamentos”, contou Paulo Pan.
As cheias afectaram lojas e também armazéns, obrigando a remodelações totais em vários casos e até hoje, mais de duas semanas após as chuvas, os comerciantes chineses e as suas famílias prosseguem limpezas e arrumações.
“É muito triste ver algo assim. Alguns têm vindo fazer as refeições aqui no meu restaurante e reclamam até de dores nas costas de tanto limpar”, contou Paulo Pan, confirmando que a situação é tão grave a ponto de alguns comerciantes terem pedido apoio a familiares na China.
No caso do seu país, confirmou ter sido contactado pelo embaixador em Cabo Verde, que se disponibilizou a articular com as autoridades cabo-verdianas e chinesas os apoios a serem dados nos próximos tempos.
Os estragos por toda a ilha de São Vicente provocados pela passagem da tempestade fizeram o Governo declarar situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau.
Além disso, foi anunciado um plano estratégico de resposta que contempla apoios de emergência às famílias, mas também às actividades económicas, com linhas de crédito com juros bonificados e verbas a fundo perdido, justificando a decisão com o “quadro dramático, excecional”.
O Governo utilizará os recursos do Fundo Nacional de Emergência, criado em 2019 para responder a situações de catástrofes naturais ou impacto de choques económicos externos.
Como presidente da associação, Pan garantiu que está disposto a ajudar lá onde for possível, mas instou as autoridades cabo-verdianas a “darem uma mãozinha”, como aliviar o pagamento de impostos e da previdência social por alguns meses, e, mais ainda, estimular os proprietários dos prédios onde estão instaladas as lojas a perdoarem a mensalidade das rendas por algum tempo.
Acredita que a ilha precisa de um apoio forte, não somente da comunidade local, mas do exterior, de governos como Estados Unidos da América, Europa e China
“O grande trabalho futuro que deve ser feito, somente a câmara municipal e o Governo, não conseguem dar resposta”, concretizou.