A 9ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano (TICAD) começou, com participação de Angola, Moçambique e Cabo Verde, com a proposta de criação de uma zona económica comum que abranja o oceano Índico e África.
A proposta foi apresentada pelo primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, na abertura da TICAD em Yokohama, a sul da capital, copresidida pelo Japão e por Angola.
“Fortaleceremos a conectividade regional e construiremos uma zona económica livre e justa”, declarou Ishiba, que propôs também o lançamento de um quadro orientado para governos, indústrias e o mundo académico para promover o livre comércio em África, noticiou o jornal económico Nikkei.
Durante os três dias do fórum, o Governo japonês deverá anunciar um programa de colaboração com um laboratório de investigação de pós-graduação da Universidade de Tóquio, a Agência de Cooperação Internacional do Japão e universidades africanas.
O objetivo é formar cerca de 30.000 pessoas em matéria de inteligência artificial (IA) nos próximos três anos, de acordo com os meios de comunicação social japoneses.
Representantes de cerca de 50 países e organizações participam na conferência trienal, centrada em debates sobre a cooperação económica com o Japão, a ajuda ao desenvolvimento e os desafios enfrentados por África.
Os organizadores preveem que o número de participantes ultrapasse os 10.000 este ano, pelo que foi montado um grande dispositivo de segurança.
Os resultados da conferência deverão ser apresentados pelo primeiro-ministro japonês e pelo Presidente de Angola, João Lourenço, numa conferência de imprensa conjunta.
A China também realiza um fórum de cooperação africana desde 2000 e tem aumentado progressivamente a participação e influência no continente, rico em recursos, incluindo com o projeto da Nova Rota da Seda.
A TICAD ocorre numa altura marcada pela política tarifária agressiva dos Estados Unidos e uma mudança em matéria de ajuda internacional de Washington, o que lança sombras sobre o futuro da economia e do desenvolvimento em África.
Na abertura do Fórum, o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, mostrou hoje disponibilidade do país em cooperar e acolher iniciativas de investimentos do Japão que promovam a paz e a integração económica entre os países africanos banhados pelo oceano Índico.
“Reiteramos a nossa disponibilidade para acolher investimentos e iniciativas regionais que visem o reforço da integração económica e da paz na região do oceano Índico, aprofundando a cooperação em áreas estratégicas”, disse o Presidente de Moçambique em Yokohama.
Daniel Chapo mostrou abertura de Moçambique em cooperar e acolher investimentos deste país asiático que beneficiem os países banhados pelo Índico nas áreas da economia azul e infraestruturas marítimas, logística portuária e segurança marítima, turismo sustentável e transição energética, comércio regional e da inovação tecnológica.
“Estamos abertos à cooperação no âmbito da economia, com inúmeras oportunidades em Moçambique, entre serviços, infraestruturas, turismo, agricultura, pesca a nível da região da África Austral, Médio Oriente-África e também Ásia-África”, acrescentou.
Ainda na abertura daquele fórum, o Presidente moçambicano manifestou abertura para desenvolvimento de parcerias bilaterais e multilaterais com vários países no âmbito da TICAD.
“E porque Moçambique tem corredores de desenvolvimento, tem portos, tem as linhas férreas, tem infraestruturas, tem recursos minerais, fontes energéticas, tem o turismo, tem a agricultura, tem a indústria, áreas fundamentais para o nosso desenvolvimento económico e sustentável”, disse Chapo.
O Presidente de Moçambique lidera a delegação que é composta, entre outros, pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, dos Transportes e Logística, dos Recursos Minerais e Energia e da Saúde.
Falando no evento temático ‘Construir um sistema alimentar resiliente e uma economia local em África ancorada na economia azul e na agricultura’, no âmbito do TICAD, o primeiro-ministro de Cabo Verde considerou que o Japão é “um excelente parceiro” de África para impulsionar o crescimento das economias e usar os recursos do continente de forma mais rentável.
“O Japão, com a sua experiência em conhecimento, tecnologia e cooperação pragmática, é um excelente parceiro para impulsionarmos conjuntamente o crescimento sustentável das economias africanas e fazermos um uso mais rentável dos imensos recursos naturais de África”, disse Ulisses Correia e Silva.
Correia e Silva vincou que “o desenvolvimento da economia azul e da agricultura é uma prioridade estratégica para África”, setores que “podem contribuir significativamente para a redução da insegurança alimentar, a diversificação das economias e o aumento do comércio regional e internacional”.