As compras de soja da China ao Brasil são as mais elevadas de sempre, beneficiando das tensões comerciais entre Pequim e Washington.
De janeiro a agosto, foram embarcadas quase 66 milhões de toneladas da oleaginosa para os chineses, segundo dados divulgados esta pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) brasileira.
Só no mês passado, foram 8 milhões de toneladas, ou 85% das exportações totais de soja do Brasil no período.
Historicamente elevada, a atual participação da China nas exportações brasileiras de soja só é comparável à de 2018, quando os Estados Unidos desencadearam a primeira guerra comercial contra Pequim.
Mas, desde então, a produção brasileira de soja disparou mais de 40%, pelo que agora os volumes são significativamente maiores.
O desempenho reflete a ausência da China no mercado norte-americano da soja este ano — uma consequência da tarifa recíproca imposta por Pequim a Washington em março, uma medida que acabou com a competitividade da soja norte-americana.
Desde então, a China não comprou nenhum carregamento sequer de soja dos Estados Unidos, que começa a colheita da oleaginosa este mês e concentra os seus embarques no segundo semestre.
Este contexto tem influenciado diretamente os prémios de exportação nos portos brasileiros. Mesmo após uma colheita recorde, o prémio continua elevado para o último trimestre do ano — período normalmente dominado pelos Estados Unidos no comércio de soja.
E mantém-se positivo para o início de 2025, o que também é atípico — nesta altura, normalmente ficam negativos devido à pressão da oferta no Brasil.