O grupo estatal China Road and Bridge Corporation (CRBC) vai construir em Moçambique estradas de acesso a Inhambane e ao porto da Beira, afirmou o ministro dos Transportes e Logística moçambicano.
À margem de uma sessão do 16.º Fórum e Exposição Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas (IIICF, na sigla em inglês), que está a decorrer até quinta-feira em Macau, o ministro João Jorge Matlombe disse à Lusa que irá assinar na quarta-feira os contratos com a CRBC, um envolvendo “financiamento direto” e outro uma parceria público-privada (PPP).
A CRBC vai construir uma estrada com quase 78 quilómetros para melhorar o acesso à província de Inhambane, no sul de Moçambique, que o ministro descreveu como “uma zona turística importante”, adiantando que o custo do projeto “vai mesmo ser assumido pelo próprio Estado”, uma vez que “não tem demanda que justifique uma PPP ou um investimento direto privado”.
O dirigente defendeu que, de acordo com um estudo já realizado”, a estrada de ligação ao porto da Beira, “do ponto de vista do modelo de negócios, permite que qualquer investidor recupere o seu investimento”.
O ministro sublinhou que o porto da Beira “é um dos maiores da zona sul do país” e que o novo acesso será “um corredor alternativo” que irá facilitar, por exemplo, “a saída dos camiões do porto” para o vizinho Zimbabué.
Matlombe revelou que já tem pelo menos cinco encontros marcados em Macau com membros do Governo de Botsuana, Angola, Cabo Verde e República Democrática do Congo (RDCongo).
Em cima da mesa vai estar o corredor logístico na zona norte, que liga Maláui, Zâmbia e RDCongo, para “capitalizar a utilização do porto de Nacala”, referiu o dirigente.
Matlombe revelou que o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos moçambicano, Fernando Rafael, também viajou para a região semiautónoma chinesa.
O responsável pela tutela dos Transportes e Logística disse que, durante a estadia em Macau, o colega de Governo “também vai assinar alguns acordos para o programa de massificação da habitação social para os jovens”.
No final de maio, Fernando Rafael recordou que mais de 80% da população moçambicana vive em assentamentos informais e admitiu que menos de 5% dos jovens tem acesso ao crédito habitacional formal no país.
Acrescentou que “Moçambique enfrenta um défice habitacional crítico superior a 2,7 milhões de unidades” e que as dificuldades são sentidas sobretudo pela juventude.
No início de abril, a empresa de Hong Kong Phoenix International Group começou a construir seis mil apartamentos destinados a jovens nos arredores da capital, Maputo.
No arranque das obras, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, disse que o novo Governo, em funções desde janeiro, quer atrair investimentos nacionais e estrangeiros para construir habitação acessível.