China Quer BRICS Mobilizados em Defesa do Sul Global e Multilateralismo

Os países BRICS devem “fazer ouvir a voz do Sul Global” e oporem-se a “qualquer forma de protecionismo”, defendeu o Presidente chinês numa reunião do bloco convocada pelo Brasil.

No discurso proferido no início desta reunião extraordinária virtual, convocada pelo Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, Xi Jinping defendeu que “as guerras comerciais estão a acelerar e o grupo BRICS [que integra Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] deve manter-se forte na defesa do multilateralismo”.

O chefe de Estado chinês sustentou também que é necessária “mais democracia nas relações internacionais e fazer ouvir a voz do Sul Global”, ao mesmo tempo insistindo em que o grupo de economias emergentes deve demonstrar “solidariedade e cooperação em prol do desenvolvimento comum” para “enfrentar os desafios exteriores”.

O BRICS é um grupo criado em 2009, atualmente composto por 10 economias emergentes e que funciona como um fórum de articulação e cooperação do Sul Global, centrado no desenvolvimento económico, político e social.

Além dos cinco fundadores, tem como Estados-membros: Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irão.

O líder chinês sublinhou que “o hegemonismo, o unilateralismo e o protecionismo estão cada vez mais descontrolados” e que “as guerras comerciais e tarifárias conduzidas por um determinado país [Estados Unidos] estão a perturbar gravemente a economia mundial e a minar as regras do comércio internacional”.

“Só conseguiremos enfrentar estes desafios se formos capazes de gerir os nossos próprios assuntos em primeiro lugar”, afirmou, antes de salientar que “os BRICS representam cerca de metade da população mundial, cerca de 30% da produção económica global do mundo e um quinto do comércio global”.

Xi vincou que os países não podem prosperar sem um ambiente internacional aberto e que “nenhum país pode dar-se ao luxo de se retirar para um isolamento autoimposto”.

“Independentemente da evolução da situação internacional, temos de continuar empenhados em construir uma economia global aberta, partilhar oportunidades e alcançar uma cooperação assente no benefício mútuo”, afirmou.

O Presidente chinês destacou igualmente a necessidade de serem “mais práticos e mais produtivos” e de “salvaguardar um sistema internacional com as Nações Unidas no seu centro”, a partir do qual possa “defender-se o multilateralismo”.

“Devemos também defender uma globalização inclusiva, na qual os países do Sul Global possam participar em pé de igualdade, e salvaguardar a ordem económica e comercial internacional. A globalização é a tendência histórica, devemos continuar empenhados numa economia global e opor-nos a todas as formas de protecionismo”, sustentou.

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