A China não representa uma solução imediata para a esperada quebra de vendas para o seu principal mercado, os Estados Unidos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABICA).
“Não podemos menosprezar o mercado norte-americano, que é o nosso principal comprador, onde representamos 30% do fornecimento. Existe uma relação de interdependência entre os Estados Unidos e o Brasil”, afirmou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), após entrarem em vigor as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a vários produtos brasileiro.
No passado fim de semana, após o anúncio das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos ao país sul-americano, a embaixada chinesa em Brasília anunciou que autorizou 183 novas empresas brasileiras a exportar café para o país asiático.
No entanto, o Cecafé explicou em comunicado que este anúncio “não implica vendas imediatas”, uma vez que a comercialização é realizada através de acordos entre as empresas.
Paralelamente, a indústria cafeeira brasileira reiterou que continua a trabalhar com os seus parceiros nos Estados Unidos para tentar que Washington inclua o café numa lista de produtos isentos de tarifas ou, na sua ausência, reduza a tarifa sobre o café brasileiro para 10%, valor inicialmente anunciado em Abril último.
A indústria do café afirmou ter expectativas “positivas” e manter-se “esperançada” de que possa ser alcançado um acordo que permita ao Brasil estar em pé de igualdade com os seus concorrentes, ou mesmo em vantagem sobre os países que enfrentam tarifas mais elevadas.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e, em 2024, vendeu 8,1 milhões de sacas de café aos Estados Unidos, representando 16% do total das exportações brasileiras de café e cerca de um terço do mercado americano de café.
A nova tarifa de 50% ameaça reduzir drasticamente a participação do café brasileiro no seu principal destino de exportação.
Já a China, embora com um consumo crescente, ocupa atualmente o décimo quarto lugar no ranking de destino do café brasileiro, com a importação de 939 mil sacas em 2024, segundo dados do Cecafé.