A China Merchants Port Holdings (CMPORT) está a comprar uma participação relevante na empresa Vast Infraestrutura, responsável por um dos terminais mais estratégicos do Brasil para a exportação de petróleo.
A CMPORT, braço logístico do grupo estatal China Merchants Group (CMG), assinou o acordo de compra no final de fevereiro e ainda depende de aprovação das entidades reguladoras brasileiras, segundo o portal Click Petróleo e Gás.
A Vast Infraestrutura é controlada pela holding Prumo Logística, que gere o Porto do Açu, em São João da Barra (Rio de Janeiro) e opera o único terminal da América do Sul capaz de receber navios do tipo VLCC (Very Large Crude Carrier), essenciais para o escoamento em grande escala de petróleo.
Atualmente, o Porto do Açu movimenta cerca de 560 mil barris por dia e tem licença para operar até 1,2 milhões de barris diários..
A venda não envolve todo o complexo portuário no seu todo — que alberga 28 empresas e 11 terminais privados.
Numa nota divulgada aos media brasileiros, Prumo Logística esclarece que ainda não concluiu a transação com a China Merchants Port para uma potencial venda de participação societária na Vast Infraestrutura, tendo concluído a negociação de termos e condições para a operação, que segue o cronograma previsto e está sujeita ao cumprimento de condições precedentes.
“A iniciativa está em linha com a estratégia da Prumo de estabelecer parcerias com players globais para o desenvolvimento conjunto de negócios no Porto do Açu”, adiantou a empresa brasileira.
Em 2018, a CMPORT já tinha comprado o Terminal de Contentores de Paranaguá (TCP), no Paraná, e participa também em iniciativas no Porto de Santos (SP) e em novos terminais no Maranhão.
O professor Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), apontou ao Diálogo que se trata de um movimento sistemático:
“Os casos de Chancay [megaporto chinês recentemente inaugurado no Peru], Paranaguá e agora a participação na Vast, no Açu, são exemplos da penetração das empresas chinesas nas zonas portuárias e outras estruturas de manuseamento de commodities na América do Sul”.
e a autonomia económica do país. Ainda que os investimentos chineses tragam recursos e impulsionem setores como o portuário, cresce a preocupação com a perda de controlo sobre segmentos fundamentais da cadeia de produção nacional.