O Brasil tornou-se este ano o segundo principal destino dos investimentos chineses no exterior, e aproxima-se do maior país receptor, a Indonésia.
No primeiro semestre de 2025, o Brasil foi o segundo mercado que mais recebeu investimento direto chinês, apenas atrás da Indonésia, segundo o China Global Investment Tracker, uma plataforma de monitorização do centro de estudos norte-americano American Enterprise Institute (AEI).
De janeiro a junho, as empresas chinesas aportaram USD 22 mil milhões em todo o mundo e o Brasil recebeu 10% do total, USD 2,2 mil milhões, mais 5,3% do que nos primeiros seis meses de 2024 (USD 2,09 mil milhões).
A Indonésia, por sua vez, recebeu investimentos chineses de USD 2,59 mil milhões, uma queda de 22,9% na comparação anual.
Segundo dados do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), no período 2007-2023 o Brasil foi o quarto país que mais recebeu contributos da China no exterior (USD 66 mil milhões), atrás dos Estados Unidos, com USD 193,6 mil milhões, Austrália (102,6 mil milhões) e Reino Unido (USD 99,9 mil milhões).
O valor, concentrado em setores estratégicos como energia, infraestruturas, agroindústria e tecnologia, mostra o peso do país asiático na transformação da base produtiva brasileira e na geração de empregos qualificados.
O setor de energia lidera os aportes, com USD 32,5 mil milhões investidos entre 2007 e 2022. Empresas estatais como State Grid, China Three Gorges (CTG) e State Power Investment Corporation (SPIC) estão à frente dos maiores projetos, incluindo o Linhão de Belo Monte, que fornece energia renovável para mais de 60 milhões de brasileiros e gera cerca de 5 mil empregos diretos.
Nas infraestruturas, os investimentos somaram USD 25 mil milhões entre 2019 e 2024, de acordo com o CEBC.
Os recursos têm sido decisivos para modernizar a logística e reduzir ineficiências, com destaque para o Porto de São Luís (MA) e a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL).
Também há interesse chinês no projeto da Ferrogrão, que ligará Mato Grosso ao Porto de Miritituba (PA).
Mais recentemente, os chineses passaram a mirar setores ligados à transição energética.
A partir de 2025, as fabricantes automóveis BYD e GWM iniciarão a produção de veículos elétricos e híbridos no Brasil, nas cidades de Camaçari (BA) e Iracemápolis (SP).
Além de estimular a mobilidade sustentável, os projetos devem gerar milhares de empregos e fortalecer a indústria brasileira.
Na agroindústria, a cooperação avança em frentes como biotecnologia, agricultura de precisão e uso de drones. Uma parceria entre a ANAC e a autoridade de aviação chinesa, por exemplo, viabiliza o uso de drones da DJI para pulverização agrícola no país.