O governo brasileiro está a tentar atrair investimentos multimilionários em centros de dados da China e Estados Unidos, à medida que a corrida global para acolher instalações de Inteligência Artificial aquece.
Altos funcionários brasileiros estão a visitar os seus colegas e executivos chineses e norte-americanos para discutir oportunidades, oferecendo incentivos fiscais como incentivos ao investimento, segundo a BNamericas.
Na quarta-feira, o ministro das Finanças, Fernando Haddad, deverá anunciar formalmente isenções fiscais sobre as importações de servidores e máquinas de computação num evento privado em Palo Alto, na Califórnia.
O Brasil está também a cortejar a China para instalar data centers no país ou investir em instalações locais.
O recém-nomeado ministro das Comunicações, Frederico Filho, reuniu-se na semana passada com os executivos da rede social de vídeos curtos Kwai, em Pequim, para discutir data centers, entre outros assuntos.
Durante o encontro, segundo uma nota do Ministério das Comunicações, Filho citou a política nacional de data centers como uma oportunidade para impulsionar o setor tecnológico no Brasil, fortalecer as infraestruturas digitais e atrair novos investimentos,
“O Brasil está aberto a investimentos internacionais que gerem inovação, conectem pessoas e impulsionem o desenvolvimento económico. O nosso objetivo é fortalecer o ambiente digital e criar parcerias que gerem benefícios concretos para a população brasileira”, afirmou Filho.
O ministro fez parte de uma delegação à China liderada pelo chefe de gabinete, Rui Costa.
A delegação incluiu ainda a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, e representantes dos ministérios dos Transportes, da Saúde, da Indústria e Comércio e das Minas e Energia, bem como do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES).
Também esta semana, foi noticiado que a ByteDance, proprietária do TikTok, está a considerar investir num data center movido a energia renovável da empresa de energia Casa dos Ventos, no estado do Ceará, no Brasil.
Segundo os relatos, a operadora nacional de rede elétrica ONS rejeitou inicialmente o projeto da Casa dos Ventos, alegando impactos na ligação da rede elétrica que não tinham sido totalmente dimensionados pela empresa.
“Eles [Casa dos Ventos] estão a fazer uma pressão enorme no governo do Ceará para aprovar politicamente esta ligação e aprovar uma ZPE [zona de processamento de exportação, para facilitar a exportação de serviços de dados] no Ceará”, disse uma fonte do mercado ao BNamericas.
“Levaram os chineses ao governo para dizer que se a ZPE e a energia forem aprovadas, vão investir.”Fonte do mercado familiarizada com o assunto à BNamericas, falando sob anonimato, que a sala estará “cheia de investidores” cujas empresas ultrapassam os mil milhões de dólares em ativos.
A redução de impostos era amplamente esperada pelo setor e será o item central de uma política nacional de data center, que foi noticiada pela primeira vez pela BNamericas.
Os custos dos servidores e dos equipamentos de capacidade de computação no Brasil são vistos como fatores que prejudicam a competitividade do país.
“A combinação que temos hoje com os incentivos, a autoprodução [de energia] e com as categorias de impostos que já estão presentes para as componentes de infraestrutura que quem constrói datacenters compra ou importa já foram suficientes para nos tornar competitivos”, disse a fonte.
“Onde o Brasil perdeu muito em competitividade foi nas tarifas impostas sobre o que os clientes de data center [AWS, Microsoft, Google, entre outros] importam, que são os recursos computacionais que estão dentro dos data centers. Estes recursos chegaram com impostos até 57% a 59%. É para estes que o governo está a oferecer incentivos.”
Havia dúvidas sobre o formato regulatório da medida fiscal quando o governo a anunciasse, quer através de um projeto de lei regular, quer de uma medida provisória (MP). Este último entra em vigor imediatamente, mas deverá ser posteriormente votado pelo congresso.