O Brasil poderá procurar oportunidades de exportação de café para a China e as Filipinas, devido ao aumento significativo das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.
Num recente relatório, a GlobalData afirma que os exportadores brasileiros de café devem procurar mercados alternativos aos EUA, caso o país concretize as suas ameaças.
“Precisam de visar mercados alternativos que combinem um elevado crescimento absoluto projetado com uma elevada taxa de crescimento anual composta, refletindo assim um mercado de café grande e em rápido crescimento. As Filipinas e a China oferecem ambos”, afirma Rory Gopsill, analista sénior de consumo da GlobalData.
De acordo com a base de dados Segment Insights da GlobalData, A China foi o sétimo maior mercado de café quente do mundo em 2024 e prevê-se que apresentar o quarto maior crescimento absoluto em valor de vendas no retalho de café quente entre 2024 e 2029, com um aumento de USD 1,6 mil milhões de dólares e um CAGR (taxa de crescimento) de 5% durante o período.
As vendas de café pronto a beber na China deverão também ter o segundo maior crescimento absoluto em valor de vendas no mundo no mesmo período, com USD 1,9 mil milhões.
As Filipinas foram o quinto maior mercado de café quente do mundo em 2024. Além disso, espera-se que o país apresente o terceiro maior crescimento absoluto global em valor de vendas no retalho de café quente entre 2024 e 2029 (atrás apenas dos EUA e do Japão), com um aumento de USD 1,8 mil milhões e um CAGR de 5% nesse período.
O mercado de café pronto a beber nas Filipinas deverá também apresentar o sétimo maior crescimento absoluto em valor de vendas a nível global no mesmo período, com USD 264,8 milhões e um CAGR de 11%.
Na avaliação de Gopsill, o Brasil está, indiscutivelmente, bem posicionado para aproveitar estas oportunidades de crescimento – especialmente no mercado chinês.
O país é já um elemento essencial nas cadeias de fornecimento de café para várias empresas chinesas, sendo responsável por 32,4% do total das importações de café da China em 2023, segundo o Observatory of Economic Complexity.
O Brasil mantém também boas relações comerciais com a China. Ambos são membros fundadores do bloco económico Brics, sendo que a China já depende fortemente do Brasil para o fornecimento de produtos agrícolas, como a soja, na sua estratégia de redução da dependência das exportações dos EUA.
Gopsill conclui que à medida que os exportadores brasileiros enfrentam a possível perda de competitividade no mercado norte-americano, torna-se imperativo que se virem para mercados alternativos que prometem um crescimento robusto.
A análise da GlobalData revela quais os setores relevantes para o CPG (bens de consumo embalados) mais afetados pelas tarifas dentro de relações comerciais específicas e como as empresas desses setores serão afectadas pelas tarifas dos EUA.
Por exemplo, tarifas mais elevadas entre os EUA e a China podem permitir aos exportadores brasileiros de soja conquistar a quota de mercado que hoje pertence aos EUA no mercado chinês.