Brasil Eleva Representação Militar na Diplomacia em Pequim

Pela primeira vez na história o Brasil vai enviar oficiais generais brasileiros para atuarem como adidos militares na embaixada do Brasil na China, no que é entendido por especialistas como um sinal de aproximação a Pequim neste domínio.

Os oficiais generais são os mais postos mais altos da carreira militar brasileira e os adidos militares representam as Forças Armadas e o Ministério da Defesa do Brasil junto das autoridades militares de outros países. A sua principal função é promover a cooperação militar, trocar informações e reforçar os laços entre os dois países.

Até agora, os Estados Unidos eram o único país a receber um alto escalão militar brasileiro para tratar das relações militares. A mudança acontece numa altura de tensões diplomáticas entre Brasília e Washington, que aplicou aos produtos brasileiros impostados sobretaxas de 50%.

Especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que a atitude representa um passo do governo brasileiro para diversificar os fornecedores de equipamento militar e reduzir a dependência dos EUA.

“A ação indica uma maior profundidade na relação estratégica entre estes dois países, penso que este é o primeiro ponto. Reflete o interesse mútuo em ampliar um diálogo que historicamente era mais de cooperação técnica”, afirma o professor de relações internacionais Rodrigo Amaral, da PUC-SP.

De acordo com os especialistas, o envio dos oficiais generais para a China representa um novo posicionamento do Brasil depois de o governo norte-americano se ter mostrado instável devido às ações unilaterais do presidente Donald Trump.

“O Brasil mantém canais ativos com os EUA e a NATO e deve apresentar esta aproximação à China como parte de uma estratégia de diversificação, não de exclusão”, afirma o especialista em relações internacionais Laerte Apolinário, da PUC-SP.

Apesar do aceno diplomático à China, o Brasil manteve três generais como adidos nos EUA. O decreto do Presidente Lula estabelece ainda os adidos que vão atuar em solo norte-americano.

Além dos oficiais generais destacados para trabalhar em Pequim, o Brasil contará com outros três representantes: um coronel ou tenente-coronel do Exército como Adjunto do Adido de Defesa e do Exército; um capitão de mar e guerra ou capitão de fragata como Adjunto do Adido Naval.

A atuação dos adidos militares vai para além da representação protocolar: auxiliam na negociação de acordos de cooperação, no intercâmbio de informações e em visitas oficiais, além de acompanharem os avanços tecnológicos e industriais no setor da defesa.

Todos os designados serão também responsáveis pelas relações militares junto da Tailândia, alargando o alcance diplomático militar brasileiro no sudeste asiático.

 

 

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