O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) brasileiro recebeu em Brasília uma delegação da Administração Nacional do Espaço da China (CNSA) para avançar nas negociações do desenvolvimento do satélite CBERS-5.
Durante o encontro, a ministra Luciana Santos reafirmou a disponibilidade do governo brasileiro para investir de forma inédita no setor espacial e destacou o CBERS-5 como um projeto emblemático da cooperação entre o Brasil e a China.
“Tomámos a decisão política de fazer um investimento sem precedentes no programa espacial brasileiro. Queremos fazê-lo em conjunto com a China, renovando a nossa parceria e indo ao encontro das expectativas dos nossos presidentes”, afirmou.
O CBERS-5, sigla para Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres-5, será o primeiro da série a operar em órbita geostacionária – condição que permite a observação contínua da mesma área do planeta.
Esta capacidade fará do satélite uma ferramenta crucial para a monitorização do território brasileiro, sobretudo em relação a eventos climáticos extremos, como inundações, secas e tempestades.
O lançamento está previsto para 2030 e promete representar um avanço expressivo tanto nos sensores de alta precisão como na capacidade de recolha e transmissão de dados meteorológicos e ambientais.
Segundo o MCTI, o CBERS-5 irá também reforçar a autonomia tecnológica brasileira e a cooperação científica entre países do Sul Global.
O programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite) é um dos mais longevos projetos bilaterais de satélites no mundo. Criado em 1988, já lançou cinco satélites, dos quais quatro estiveram totalmente operacionais. O novo CBERS-5 consolida a retoma da agenda espacial com foco na inovação, soberania tecnológica e cooperação internacional de base científica.
A ministra brasileira frisou ainda a relevância do panorama político internacional para impulsionar a agenda tecnológica bilateral.
“Temos marcos relevantes pela frente, como a Cimeira Celac-China e a Cimeira dos Brics, que reforçam a necessidade de manter os temas espaciais no centro da agenda bilateral”, afirmou.
Os dois encontros estão previstos realizar-se em 2025, respetivamente em Pequim e no Rio de Janeiro.
Em representação da delegação chinesa, o engenheiro-chefe da CNSA, Li Guoping, destacou a importância simbólica do CBERS-5 no contexto da parceria estratégica entre os países.
“É uma honra estar aqui para continuar a construir este projeto com o Brasil. O CBERS-5 é mais do que um satélite – é um símbolo da confiança mútua e da visão partilhada para o futuro”, declarou.