O Brasil e a China estão a trabalhar para expandir a utilização de moedas locais no comércio, mas também na composição de reservas e nas carteiras financeiras.
Segundo a Secretária de Assuntos Internacionais no Ministério das Finanças brasileiro, a embaixadora Tatiana Rosito, o objetivo é reduzir os custos transnacionais e os riscos cambiais.
Rosito recebeu esta semana uma delegação chinesa que reúne, entre os enviados por Pequim, o vice-ministro das Finanças do país asiático, Liao Min, para participar numa reunião da subcomissão económico-financeira Brasil-China, que faz parte da agenda da Cosban, a comissão que trabalha no aprofundamento da cooperação entre os países.
Na abertura, Rosito destacou os “resultados tangíveis” dos trabalhos da subcomissão, incluindo que já foram aprovados este ano USD 2,8 mil milhões a projetos associados à agenda ambiental pelo Fundo de Cooperação Brasil-China, relançado em 2024.
Além disso, acrescentou, a integração dos mercados financeiros teve um avanço em maio com a entrada em bolsa no Brasil dos fundos chineses com unidades de participação negociadas em bolsa, os chamados ETF. Esta parceria, salientou Rosito, intensificar-se-á com a futura listagem dos ETF brasileiros na China.
Disse ainda que os bancos de desenvolvimento dos dois países estão a identificar projectos e mecanismos financeiros para alargar o financiamento a longo prazo. Em paralelo, a embaixadora afirmou que a utilização de moedas locais nas transações entre países faz parte da agenda conjunta.
“Trabalhamos para expandir a utilização de moedas locais, não só no comércio, mas também na composição das reservas e carteiras financeiras, reduzindo os custos transnacionais e mitigando os riscos cambiais”, comentou.
A delegação chinesa contou ainda com representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros, da Administração Nacional de Regulação Financeira, da Comissão de Regulação de Valores Mobiliários da China, bem como do Banco de Desenvolvimento da China (CDB) e do Banco de Importação-Exportação da China (Cexim).
Do lado brasileiro, Rosito chefia uma delegação composta por membros dos ministérios das Relações Exteriores, da Agricultura e Pecuária e da Casa Civil, além de participantes enviados por instituições como o Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (Ipea), a Superintendência de Seguros Privados (Susep), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES).