Brasil e China estão a reforçar a cooperação em inovação e no desenvolvimento do agronegócio, com foco na Plataforma Agro Brasil+Sustentável e no programa Caminho Verde Brasil.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou os dois programas a uma delegação chinesa ligada à Academia Chinesa de Ciências Agrícolas (CAAS), num encontro com o secretário da Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo, Pedro Neto, que destacou a importância do diálogo bilateral na construção de um entendimento comum sobre aspetos de produção sustentável relevantes para os dois países.
Neste contexto, o secretário salientou a robustez do marco regulatório brasileiro para as atividades agropecuárias, dando ênfase à importância do Código Florestal Brasileiro como marco legal que alia a preservação da vegetação nativa ao uso sustentável do solo, segundo nota do Ministério.
No encontro foram apresentadas duas importantes iniciativas de políticas públicas desenvolvidas no Brasil. A primeira foi a Plataforma AgroBrasil+Sustentável, uma ferramenta digital governamental que integra dados oficiais para gerar informação rastreável e fidedigna sobre a produção agrícola sustentável no país, facilitando o acesso do produtor a políticas públicas e mercados.
Para Pedro Neto, “um dos maiores desafios dos produtores brasileiros é comprovar que seguem a legislação ambiental sem promover a desflorestação. Por isso, o Mapa desenvolveu a Plataforma AgroBrasil+Sustentável, uma ferramenta digital oficial que promove a transparência e evidencia o compromisso da produção agrícola brasileira com a sustentabilidade”.
A outra iniciativa apresentada foi o Caminho Verde Brasil, um programa que incentiva o aumento da produção sem abertura de novas áreas, dando prioridade à recuperação de pastagens degradadas.
O objetivo é restaurar até 40 milhões de hectares nos próximos dez anos, transformando-os em áreas agricultáveis de alta produtividade.
A apresentação do Caminho Verde foi feita pelo coordenador-geral de Promoção do Investimento Estrangeiro e Cooperação do Mapa, André Okubo, que salientou que a proposta é transformar um passivo ambiental numa oportunidade, alargando a produção de alimentos sem comprometer os biomas.
Em representação da comitiva chinesa, o diretor-geral do Instituto de Economia e Desenvolvimento Agrícola da CAAS, Hu Xiangdong, destacou a semelhança entre a instituição e a Embrapa e apontou oportunidades para aprofundar a cooperação técnica e científica.
“Podemos reforçar as nossas relações para além do comércio, alargando as parcerias em inovação e desenvolvimento agrícola”, declarou.
O Brasil e a China têm uma relação diplomática e de amizade que já dura há cinco décadas e contam com um ambiente de diálogo e cooperação estruturado na Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Consulta e Cooperação (COSBAN), onde decorrem as discussões estratégicas sobre temas relevantes.
Além disso, os dois países continuam a conversar sobre a sustentabilidade nas cadeias produtivas agrícolas como forma de fortalecer os laços de cooperação e também comerciais, sobretudo num momento de oportunidade geopolítica.
No final do encontro, o secretário Pedro Neto enfatizou que as duas iniciativas se complementam e projetam o agronegócio brasileiro como uma referência internacional em sustentabilidade.