O Brasil vai discutir com a China a construção de uma ferrovia ligando o país ao megaporto de Chancay, inaugurado no ano passado no Peru, disse a ministra brasileira do Planeamento, Simone Tebet.
O projeto ferroviário ligaria os dois países pelo estado brasileiro do Acre, junto à fronteira com a Bolívia, e seguiria até à costa atlântica, no estado da Bahia, disse Tebet em entrevista à revista Carta Capital.
A ministra disse que os chineses propuseram uma rota mais curta para ligar Chancay, mas que isso significaria atravessar reservas ambientais e terras indígenas na Amazónia, e “compreenderam” as objeções do Brasil nesse sentido.
Tebet afirmou estar “muito otimista” e espera “trazer boas notícias” da visita de Estado que o Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva vai realizar a Pequim nos próximos dias.
O interesse chinês, segundo Tebet, foi manifestado diretamente pelo presidente da China, Xi Jinping, durante um encontro com o Lula da Silva em 2024, no Brasil.
“Já estamos a tratar disto com a China desde o primeiro mês do Governo Lula. Na primeira reunião com o Presidente Xi Jinping, percebi que estão muito interessados na questão das ferrovias. Querem rasgar o Brasil com as ferrovias. Não há dinheiro público suficiente para o fazer, é muito caro”, disse a ministra na entrevista à revista Carta Capital.
A ministra realçou que a China está “muito interessada” não só neste plano, mas também em todos os projetos de integração que o Brasil está a desenvolver para melhorar as ligações rodoviárias com os países vizinhos.
Tebet estará na China na comitiva liderada por Lula da Silva. A viagem marca uma nova etapa nas negociações bilaterais, num momento de tensões entre China e Estados Unidos.
A China é o maior parceiro comercial do Brasil e um grande importador de produtos agrícolas e minerais.
No entanto, alguns setores exportadores brasileiros, como o da soja, demonstram preocupação com a forte dependência do porto de Santos, localizado no litoral de São Paulo.
Este porto movimenta quase um terço das exportações do país, o que representa uma limitação significativa ao comércio externo.
Durante a sua estadia em Pequim, Lula participará numa reunião ministerial do Fórum da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e das Caraíbas (CELAC) e da China, em preparação para a próxima cimeira do organismo, que se realizará na Colômbia ainda este ano.