O Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva deverá assinar, pelo menos, 16 acordos bilaterais na sua visita de Estado à China que intensificará a relação bilateral no domínio das infraestruturas, das finanças e da ciência, tecnologia e inovação.
A convite do Presidente chinês, Xi Jinping, Lula participa na cimeira entre a China e os países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas (Celac), nos dias 12 e 13 de maio.
“A lista de acordos é prolífica e variada”, afirmou o secretário para a Ásia e Pacífico do Ministério dos Negócios Estrangeiros, embaixador Eduardo Paes Saboia, em conferência de imprensa, citado pela Agência Brasil.
Segundo Saboia outros 32 atos estão em negociação e poderão juntar-se à lista.
Saboia lembrou que a China é o maior parceiro comercial do Brasil, com um excedente brasileiro, e um importante investidor no país, numa relação bilateral com um elevado nível de institucionalização.
Este será o terceiro encontro de Estado entre os dois presidentes neste governo de Lula, o último ocorreu em novembro de 2024, quando Xi Jiping esteve de visita a Brasília.
“Depois da visita do presidente Xi, penso que ficou bem clara a ideia de explorar novas vertentes de cooperação. Há uma task force que trabalha a questão das sinergias entre as estratégias de desenvolvimento do Brasil e iniciativas como a Faixa e Rota [programa de cooperação chinês]”, disse Saboia.
“Portanto, esta estará certamente na agenda desta visita, tal como a visão muito convergente dos dois países em matéria de defesa do multilateralismo, defesa da reforma da governação global e apoio a soluções pacíficas”, acrescentou o embaixador.
Na comitiva de Lula estarão muitos ministros e parlamentares, “reflexo da densidade da relação”.
“Realmente, há uma task force, coordenada uma parte pelo ministro [da Casa Civil] Rui Costa, outra parte também há o Ministério das Finanças e o Banco Central. Há uma mobilização de toda a esplanada [dos ministérios] para intensificar esta relação com a China no domínio das infraestruturas, das finanças e da ciência, tecnologia e inovação”, disse Saboia.
Referiu ainda a intenção do Brasil de atrair investimento chinês para os projetos brasileiros de neoindustrialização, de capacitação tecnológica e de transição energética.
O encontro entre Lula e Xi Jinping acontece, ainda, em pleno adensar da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do planeta, com a imposição de tarifas mútuas, desencadeada por iniciativa do presidente norte-americano Donald Trump.
O embaixador do Itamaraty reafirmou o discurso do Presidente Lula de que o Brasil não quer contencioso com nenhum país e valoriza as relações sólidas com a China.
“O Brasil e a China têm uma agenda que é muito mais vasta do que as considerações de uma conjuntura, que obviamente preocupa. Acho que o Brasil preza a sua relação com os Estados Unidos e não faz da sua relação com a China algo que se contrapõe ao interesse em manter ótimas relações que, aliás, mantemos com os Estados Unidos”, disse.
A secretária da América Latina e Caraíbas do MRE, embaixadora Gisela Padovan, explicou que a participação de Lula na cimeira China-Celac se deve à importância que o presidente brasileiro dá à integração regional e ao reconhecimento do presidente Xi Jinping da capacidade convocatória e propositiva que o Brasil tem na América Latina e Caraíbas.
“Os dois lados estão muito interessados um no outro e neste diálogo das duas regiões, que evidentemente o Brasil tem uma responsabilidade, não digo de liderar, mas de convocar, de propor, de reunir e de mobilizar as sinergias também regionalmente. E pretendemos no futuro trabalhar também com a América Central”, disse durante a conferência de imprensa.
A Celac é constituída por 33 países da região. Quando assumiu o terceiro mandato em 2023, Lula anunciou o regresso do Brasil ao bloco, após três anos de afastamento.