Brasil Apela a Investimento do Japão e Apoia Acordo Económico com Mercosul

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu em Tóquio a aceleração do processo para um acordo económico entre o Mercosul e o Japão e apelou aos empresários japoneses para investirem no Brasil.

“Estou seguro de que precisamos de avançar com a assinatura de um acordo de parceria económica entre o Japão e o Mercosul”, bloco formado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, declarou Lula numa cerimónia ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, citado pela swissinfo.ch.

“Os nossos países têm mais a ganhar pela integração do que pelo recurso a práticas protecionistas”, acrescentou o presidente do Brasil.

Numa declaração após o evento, Lula disse que espera “iniciar negociações com o Japão durante a presidência brasileira do Mercosul”, no segundo semestre do ano.

Ishiba declarou que “o Japão e o Brasil exercerão a sua liderança para estabelecer em breve a aliança estratégica Japão-Mercosul”.

O primeiro-ministro japonês destacou que “círculos empresariais dos dois países acabam de nos pedir que alcancemos rapidamente um AAE Japão-Mercosul”, uma referência a um Acordo de Associação Económica, mais vasto do que um tratado de comércio livre.

Um documento da Federação Empresarial Japonesa Keidanren sublinha que o Japão e o Mercosul têm uma “relação mutuamente complementar e são parceiros económicos estrategicamente vitais”. O texto pede a adoção do AAE para aprofundar a relação.

O comércio é o centro da visita de Lula ao Japão, face à decisão norte-americana de impor tarifas sobre grande parte das importações feitas pelos Estados Unidos.

“Nós não podemos voltar a defender o protecionismo. Nós não queremos uma segunda Guerra Fria. O que nós queremos é comércio livre para que a gente possa definitivamente fazer com que os nossos países se estabeleçam no movimento da democracia, no crescimento económico e na distribuição de riqueza”, afirmou Lula.

O presidente acrescentou que o Brasil e o Japão enfrentam o desafio de recuperar o seu comércio bilateral, que caiu de USD 17 mil milhões em 2011 para USD 11 mil milhões em 2024.

Depois de destacar a força económica do país, Lula convidou “os japoneses a investir no Brasil, porque é um porto seguro”.

Durante a visita, os países confirmaram a venda de até 100 aviões E-190 da Embraer à companhia aérea japonesa ANA.

Além disso, os dois países concordaram em cooperar na produção de biocombustíveis, um campo no qual o Brasil é pioneiro, para ajudar o Japão a aumentar a percentagem de etanol nos seus combustíveis até 10% em 2030 e até 20% em 2040, de acordo com o plano estratégico de energia do país.

“Ao aproveitar as vantagens das nossas forças mútuas – os biocombustíveis do Brasil e a mobilidade de alta qualidade do Japão – concordámos em liderar os esforços de descarbonização da indústria automóvel mundial”, afirmou Ishiba.

“A descarbonização não é uma escolha, é uma necessidade e uma grande oportunidade”, disse Lula.

A cooperação em matéria de biocombustíveis faz parte do conjunto de 10 acordos de cooperação bilateral e de mais de 80 instrumentos entre empresas, bancos e universidades assinados entre os dois países.

 

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